Um texto que achei no celular do meu filho.
Giz Desde que nasci, há uma parede negra na minha frente; embora nunca efetivamente tenha me atentado a ela enquanto criança. Não me fazia mal algum. Mas um dia enjoei de contemplar o negrume e passei bom tempo a avaliar a minha volta, onde as paredes se estendiam num corredor comprido, nos quais outros miravam suas próprias paredes. Mas eles viam além do preto à frente, encaravam seus desenhos; que somente eles viam significado — feitos com giz. Enquanto eu os admirava encarando suas paredes, surpreendia-me com suas expressões felizes, tristes, deslumbrantes, irritadas, indescritíveis e inenarráveis. E senti graça ao pensar que num mundo incolor, tudo que tínhamos para pintá-lo era um giz. Nosso giz. E senti-me triste por estar num mundo assim, pois não vi significado neste e queria ir para um diferente deste, mas não achei saída. Então conclui que a única saída fosse a morte, pois a coisa que cada um tem em comum, exceto tudo, é a morte. E ninguém sabe com cer...